segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Saudade...

Hoje preciso falar dessa saudade imensa que devora minha alma...
Que afugenta minha inspiração como lobo a augentar os pássaros que se aproximam...
Preciso contar que tudo parece cinza...como o céu que cobriu meu fim de tarde...
E tudo parece fosco como o céu sem estrelas que paira agora sobre o teto de minha casa...
Que tudo parece vazio, sem vida... como as paredes que não me ouvem...
Que tudo parece estranho e fora do lugar...
Como essa saudade que deveria estar bem longe de mim e não instalada aqui dentro...

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Gabriela

Sentada no canto mais escuro da sala, ela esperava amedrontada pela mãe.
Os olhos verdes brilhavam de medo, os lisos cabelos loiros a incomodavam, o rosto enxarcado de lágrimas.
A pele branca se tornava rosa e os lábios róseos se tornavam brancos, igualando-se à brancura dos dentes cerrados.
Um perfeito anjo...
Toda a vida e felicidade que exibia aos seus sete anos de poureza se transformavam em um medo tão devorador que a impedia de gritar.
A porta da sala se abre.
- Gabriela? Cadê você meu anjo? - Soa uma voz suave-
- Estou aqui- Responde a menina num sussurro-
Alguém acende a luz.
- Filha, o que foi?
- Ha vampiros nessa casa, mamãe. Não deixe eles me pegarem, por favor! Jura que não deixa?!
- Juro Gabi! Calma- Diz a mãe abraçando a menina-
Fátima era tão bela quanto a filha, apesar da pele morena e dos olhos castanhos.
As duas viviam sós em casa, o pai vivia em outra cidade, onde trabalhava, e voltava para casa apenas aos finais de semana.
O fato é que a menina cresceu e os 9 anos que se passaram foram tranquilos e previsíveis, sem acontecimentos anormais, sem vampiros.
Era seu aniversário de 16 anos naquela sexta-feira.
Gabriela ainda se parecia com um anjo, não mais com a mesma inocência, é claro, porém, um anjo...
Estava frio, o sol brilhava, mas seus raios não aqueciam; o céu estava azul. Um belíssimo dia.
Gabriela acorda somente para ir à escola, almoça, escova os dentes, veste o uniforme e se vai.
O pai, André, forte e belo chegaria, naquele dia.
Gabriela que já não se aguentava mais de saudades, foge da escola, aulas mais cedo para esperar o pai, que segundo suas contas, chegaria às cinco da tarde.
Às três e meia já estava em casa. A mãe no trabalho, o pai para chegar, aproveita para tomar um banho.
-Gabi, querida! Papai chegou! Fátima? - Os cálculos da menina estavam certos, são exatamente cinco da tarde quando o pai entra em casa-
André ouve o barulho do chuveiro e sobe ao quarto da filha, já que não responde ao seus chamados.
- Gabi - Silêncio...-
Desesperado, o pai bate na porta e ninguém responde. Arrebenta-a e encontra a filha estirada no chão.
- Bom dia! - Diz Fátima abrindo as cortinas do quarto-
- O que aconteceu? Oi papai! Que dia é hoje?
- Segunda-feira...
- Como? Eu dormi o final de semana inteiro? Cadê o vampiro? Vocês o pegaram?
- Não ha vampiros! Você delirou! Esteve adormecida, fora de si, com febre alta. Esta no hospital meu anjo- diz o pai com ternura-
- É, deve ser... Mamãe fecha a cortina, a claridade está demais, meus olhos estão ficando irritados. Papai! Desde quando usa crucifixo no pescoço? Tire isso já!