sábado, 5 de dezembro de 2009

O cãozinho tosado

Era uma vez, um lindo cãozinho, já idoso, cansado, com catarata, artrose e alguns outros probleminhas gerados ao longo de seus quatorze anos de vida.
Spike ( nome escolhido com certeza devido à semelhança entre ele e o lindo cachorrinho de Tom e Jerry), era um cãozinho dócil, mestiço de pequinês com alguma raça não identificada, e vivia numa casa situada em uma cidadezinha do sul de Minas Gerais.
Era muito amado pela família que o criara, porém, com a vida agitada que seus donos levavam e com seu temperamento um pouco imprevisível ( avançava quando tomava banho) estava já ha algum tempo sem ter seus pelos escovados, o que fez com que ficassem duros e cheios de nó.
Um dia, vendo seu querido bichinho amuado, mudo, sem fome, desdentado, meio cego, com dificuldades para se locomover e com o pelo mal cuidado, sua dona resolveu fazer algo por ele.

Tosar o cão! Assim, com a auto-estima revigorada ele ganharia mais forças para seguir com sua vidinha pacata.
Com a tesoura em mãos e muitos elogios ao velhinho ( para convencê-lo a não morder por causa de tesoura) a tosa começou.
Corta daqui, corta de lá, corta daqui, corta de lá, repara daqui, repara de lá, e algumas horas depois...
Pronto! O novo visual de Spike, que havia sido artisticamente tosado!
Só restava definir o que era aquela coisinha que desfilava seu novo corte de pelo... Seria uma ratazana? Ou um filhote de cruz-credo?

O cachorrinho realmente se sentiu revigorado, apresentou menor dificuldade de sair do lugar e soltou vários latidos desde então, e viveu feliz para sempre!
Viveu feliz até hoje, graças ao fato de que cães não se olham no espelho!!!

quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

Ahhh! Coitadinho!...


Outro dia, aliás, outra noite, minha mãe e eu estavamos voltando do supermercado, conversando tranquilas, passeando...
A rua estava cheia devido ao calor, que, quando não causa chuvas, obriga os moradores a sairem de suas residências para melhor poder respirar. Enfim, a conversa seguia naturalmente quando ao passarmos pelo calçadão reparei um olhar tristonho aparecer no rosto de minha mãe, e , em seguida a observei olhar penosa para o chão dizendo:
- Ahhh! Coitadinho!... - disse ela por duas vezes seguidas.
Um casal que caminhava no sentido contrário, também olhava tentando entender o que havia causado tristeza naquela senhora.
Curiosa, ao ver o espanto do casal, olhei para o chão, várias vezes, e, confesso, por mais idéias que tenham passado em minha mente naquele instante, nada fazia sentido.
Estaria ela desapontada ao ver um ato de desperdício? Ou estaria mesmo pensando na dor que a MANGA jogada no chão teria sentido ao ser brutalmente atacada por dentes ferozes que chuparam dela apenas uma parte?
Alguns segundos se passaram até que o mistério foi esclarecido. Com uma grande gargalhada, de quem havia feito algo hilário, ela se explicou:
- Achei que fosse um passarinho, e é uma MANGA!!!
Caimos, as duas, na risada após a explicação.
Confundir manga chupada com passarinho morto?
Seguimos para casa, e a manga ficou abandonada onde estava, mas a história que a envolvia nos acompanhou, e ha quem ainda ache graça quando a contamos.
Abençoados sejam seus olhos mamãe, para que não enxergue em seu cãozinho artisticamente tosado uma ratazana indesejável !